sábado, 25 de noviembre de 2017

SÉCHU SENDE, poemas encarnados



Falarás a nossa língua
Falarás a nossa língua
porque estamos contigo,
minha filha.
Falarás a nossa língua
e as tuas palavras formarão parte
da natureza.
Serão estrelas nos dentes,
vaga-lumes frágeis,
sementes de algo
que não conhecemos ainda.
Atravessarão o céu do teu paladar
os nomes dos pássaros,
crescerão os nomes das árvores
na raiz da tua língua
e um dia depois da tormenta
sairá das tuas palavras
o arco da velha.
E falarás a nossa língua.
Como nesse conto infantil
no que afinal consegues superar os obstáculos
e vencer os inimigos
que querem roubar-che as palavras,
falarás a nossa língua.
Falarás a nossa língua
e aprenderás a fazer lume
chocando duas palavras
contra o frio.
Contra a fame
falarás a nossa língua.
Falarás a nossa língua
e moverás a terra com as vibrações
das tuas cordas vocais
e aprenderás a mudar o mundo
como a mulher que mudava as cousas
de sítio.
Falarás a nossa língua
e quando as tuas palavras se sentirem soinhas
-por todo o que sabemos- procurarás
outras vozes como a tua.
Escuta
É mui emocionante.
Somos muita gente.
Acompanha-te o teu povo
e muitos outros povos como o nosso e
se o povo defende a língua
a língua protege o povo.
Adiante.
Falarás a nossa língua
e a música rebentará as tuas palavras
como estalitroques nos dedos, globos de cores,
coquetéis Molotov, bombas de palenque
no céu.
E falarás a nossa língua.
Recolherás as palavras que abandona alguma gente
no caminho
e ajudarás outra gente a recuperar
as palavras perdidas.
Falarás a nossa língua
com homens, mulheres, nenas e nenos
do teu tempo,
do passado e do futuro
Falarás com o vento.
Falarás a nossa língua.
Perguntarás que significam as palavras desconhecidas
porque gostas das aventuras, dos dragões,
dos caroços das maçãs,
dos vulcães em erupção, dos caracóis.
Falarás a nossa língua.
Dormirás com o pijama do ouriço-cacho
e um verso no peito
e sonharás que falas qualquer um
dos 6.000 idiomas do planeta.
Falarás a nossa língua
com palavras como casas,
como gavetas com colheres,
palavras como Pippi Langstrumpf a saltar
encima da cama entre moedas de ouro,
e algum dia abraçarás-nos com elas.
Falarás a nossa língua
e as tuas palavras abrirão
os caminhos da vida.

miércoles, 8 de noviembre de 2017

Poemas de SOPHIA DE MELLO

O Luns, 20 de Novembro, as 19,30, na BIBLIOTECA CENTRAL, Ferrol


25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo


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